Guia completo sobre Rigor Científico
Nos últimos anos se acentuaram as discussões sobre a integridade das pesquisas acadêmicas e científicas e o rigor científico acabou entrando em pauta, especialmente no âmbito da produção científica e os desafios associados a ela.
Entre os diversos desafios que foram identificados, se encontram os de caráter ético e metodológico que confrontam a confiabilidade dos resultados obtidos nas investigações.
No contexto das publicações acadêmicas, as transformações nas políticas editoriais da produção científica têm sido notáveis, especialmente nos últimos 15 anos.
Levando essas questões em consideração, o nosso site resolveu reservar um conteúdo exclusivo para falar sobre o rigor científico e sua importância para a produção de ciência no Brasil.
Entenda o significado e conceito de Rigor Científico
Primeiramente, precisamos evitar confundir o rigor científico com conceitos como a precisão das medições, a quantificação e a generalização nas pesquisas.
Esses conceitos são escolhas que devem ser feitas por cada pesquisador para determinar a melhor maneira de cumprir com os objetivos da pesquisa e não são algo que se deve desejar intrinsecamente.
Os pesquisadores devem ser cautelosos na hora de afirmar que algumas técnicas de coleta de dados ou técnicas de análise de dados são “mais” rigorosas que outras.
É aconselhável, portanto, ser cauteloso na hora de reclamar dos “estándares” fixos para técnicas metodológicas específicas.
Dito isso, vamos deixar claro então o que é Rigor Científico? Deveremos entender o rigor científico enquanto um princípio da ciência que requer alegações que alterem determinados paradigmas vigentes, desde que tenha passado por um método científico, o qual deve ser restrito e cuidadoso. E tem mais.
Somente depois de ter passado por esse processo é que uma evidência em detrimento de uma hipótese, poderá ser aceita pela ciência.
Devemos destacar que essa hipótese não será tomada como verdadeira, mas sim como uma afirmação que não é falsa, sobrevivendo ao que chamam no meio científico “falseabilidade”.
Em exemplo disso foi quando Galileu afirmou que as quedas dos corpos não apresentavam nenhum tipo de aceleração ou velocidade que fosse proporcional a sua massa, o que também havia sido afirmado por Aristóteles, mas que se apresentava como igual para todos os corpos, não dependendo do peso de suas massas.
Para isso, Galileu fez inúmeras experiências científicas e apresentou os resultados obtidos para outros teóricos da área, eles avaliaram com rigor científico as informações, até aprová-las como verdadeiras.
Hoje em dia, quando um pesquisador quer publicar a sua pesquisa em uma revista científica, por exemplo, o seu estudo passa por uma avaliação antes de ser aprovado, é aí que o rigor científico é aplicado.
Rigor Científico: modelos de avaliação
Como você pode observar no tópico anterior, o rigor científico é importante para dar maior autoridade a uma pesquisa.
Sendo assim, cabe destacar alguns modelos de avaliação do rigor científico que abarcam o compromisso ético deste tipo de análise:
- Valor social ou científico da pesquisa feita: A pesquisa deve apresentar certa importância para a sociedade e planejar soluções que gerem o bem-estar da população ou a produção do conhecimento que acarrete na resolução dos seus problemas.
- A pesquisa deve ter validez científica: Neste caso, o estudo deve ter algo a ver com o planejamento de propósitos claros, aplicação de um método de pesquisa que seja coerente com o fenômeno estudado e a necessidade social com a seleção dos sujeitos, os instrumentos e as relações que estabelece o pesquisador com as pessoas.
- Seleção equitativa dos sujeitos da pesquisa: Deverá assegurar que os participantes são escolhidos por razões relacionadas com as perguntas científicas propostas.
- Proporção favorável do risco/benefício: Justificar plenamente que os benefícios da pesquisa são mais altos que os riscos que acarreta.
- Condições de diálogo autêntico: O estudo deve garantir e fomentar a interlocução espontânea dos participantes, evitando forçá-las a tomar posições que não expressem sua identidade cultural própria. Os processos dialógicos neste caso, permitirão construir a orientação dos interesses do coletivo.
- Avaliação independente: É a orientação objetiva que deve procurar o pesquisador sobre a informação coletada para evitar influência nos resultados, produto dos seus próprios juízos.
- Consentimento informado: O pesquisador deve assegurar-se que os participantes da pesquisa o fazem por vontade própria e com o conhecimento suficiente para decidir com responsabilidade sobre si mesmos. Outro aspecto está relacionado a que a sua participação no trabalho seja compatível com seus valores, interesses e preferências.
- Com relação aos sujeitos inscritos: Neste ponto, implica-se várias coisas, tais como permitir que o participante possa mudar de opinião ou decidir se a pesquisa concorda ou não com os seus interesses. Neste caso, pode-se retirar sem receber nenhum tipo de sanção. Outro aspecto está relacionado à reserva no manuseio de informações. Além disso, implementa um mecanismo para informar os participantes sobre os resultados e o que foi aprendido com a pesquisa. Por fim, o bem-estar e a segurança do participante devem prevalecer ao longo da pesquisa.
Em relação ao que foi exposto na listagem anterior, podemos nos dar conta que existem múltiplas formas de construir a validez de uma pesquisa científica.
De fato, cada pesquisador que desenvolve o seu trabalho investigativo assume a maneira de examinar e fundamentar a validez, com base nas recomendações provenientes da numerosa bibliografia para definir sua pesquisa, técnica metodológica empregada e capacidade como pesquisador.
Outra consideração de interesse que pode ser observada numa revisão documental, por exemplo, é que ainda persiste a polêmica entre os modelos de pesquisa qualitativa e quantitativo, a qual abarca o tema do rigor científico, observando-se algumas críticas às formas de apresentar a validez da pesquisa em um outro modelo.
No caso da revisão documental, é primordial para um trabalho de pesquisa, contar com fontes referenciais suficientes e de qualidade para contribuir positivamente na construção da validação da pesquisa.
Técnicas metodológicas com Rigor Científico
As técnicas metodológicas com rigor científico compartilham um conjunto comum de propriedades básicas, mas também incluem uma ampla gama de variações e matizes.
O poder de uma determinada técnica de pesquisa reside em sua capacidade de adaptar-se às múltiplas situações da investigação científica. Truncar a variabilidade em torno de uma técnica acabará por tornar a ferramenta menos útil.
Isso inclui também os intentos de vincular técnicas específicas aos objetivos de pesquisa concretos: como ferramentas, os métodos não são mais do que um meio de se alcançar um fim.
É surpreendente como esses meios podem adaptar-se para servir a muitos objetivos diferentes, por exemplo, é mais fácil imaginar cenários nos quais as comparações por pares poderiam ser utilizadas para explorar, descrever, comparar ou provar hipóteses.
No entanto, os pesquisadores deveriam deixar de associar as normas e o rigor científico unicamente com a pesquisa confirmatória e baseada em hipóteses.
Não existe nenhuma razão pela qual não se possam estabelecer normas de rigor científico também para a pesquisa exploratória e descritiva, ainda que alguns dos critérios possam variar em função dos objetivos específicos da pesquisa. Alguns desses critérios são transversais a todos os tipos de pesquisa.
Uma pesquisa com rigor científico (digna de confiança) é aquela que aplica as ferramentas de pesquisa adequadas para cumprir com os objetivos declarados pelo pesquisador.
Por exemplo, para determinar se uma pesquisa exploratória é rigorosa, o pesquisador teria que responder uma série de perguntas metodológicas, tais como:
- Produzem as ferramentas de coleta de dados à informação adequada para o nível de precisão requerido na análise?
- As ferramentas maximizam a possibilidade de identificar toda a gama do que devemos saber sobre o fenômeno?
- Até que ponto as técnicas de coleta de dados devem gerar o nível de detalhe necessário para responder às perguntas da pesquisa?
- Em que medida as ferramentas maximizam a possibilidade de produzir dados com padrões discerníveis?
E aí?
O que você achou das nossas informações sobre o conceito de rigor científico e como ele se aplica nas pesquisas?
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