Área da Reserva Biológica Serra dos Toledos em Itajubá (MG) |
Projeto realizou palestras e oficinas em escolas de Itajubá; veja as imagens gravadas no levantamento.
Durante quase três anos, a rotina da bióloga Talita Nazareth de Roma se tornou uma verdadeira saga em busca do título de mestrado em Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Vivendo na cidade de Inconfidentes (MG), uma viagem de quase duas horas era o que a aproximava de sua pesquisa que envolvia a educação ambiental e a conservação da natureza, pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Mas a travessia ainda era mais longa: de uma hora a trinta minutos de carro e mais uma caminhada de duas horas até que pudesse iniciar os trabalhos na Reserva Biológica Serra dos Toledos em Itajubá (MG).
Esse refúgio de Mata Atlântica, localizado na região Sul de Minas Gerais, possui mais de mil hectares e se destaca pela riqueza de recursos hídricos e diversidade de espécies exclusivas do Brasil. Já habituada em trabalhar com mamíferos e capaz de identificá-los pela visualização, pegadas e vocalização, Talita decidiu analisar a presença desses animais no local. “Eles são bioindicadores de qualidade ambiental e os carnívoros, por serem topo da cadeia alimentar, fazem a regulação do ecossistema”, destaca.
Auxiliada também por Daniela Rocha Teixeira Riondet-Costa, sua orientadora no mestrado, pelo professor Leonardo Frasson dos Reis e pelo engenheiro agrônomo Diogo Lopes, a bióloga analisou a ocorrência dos mamíferos na área através de alguns recursos. “Ao todo, foram 8 armadilhas fotográficas e, primeiro, fizemos um levantamento de locais onde haviam trilhas de animais, regiões onde eles bebiam água e áreas próximas à árvores frutíferas e lá fizemos as instalações”, comenta Talita.
As imagens obtidas correspondem a uma cobertura de pouco mais de 2% da Reserva e, mesmo assim, surpreenderam pela riqueza e diversidade de espécies levantadas. “Principalmente a quantidade de felinos! Observamos jaguatirica, onça-parda, gato-do-mato... e todos estão na lista de espécies ameaçadas”, ressalta a pesquisadora que analisou registros feitos por quase oito meses.
Analisar a quantidade de espécies e verificar a lista de ameaças a elas era uma parte do projeto. Com os dados em mãos, as fotos, os vídeos e a vocalização dos animais se tornaram ferramentas para sensibilizar os cidadãos sobre a área. “Levamos isso para a população através de palestras, oficinas e aulas práticas. Queríamos sensibilizar ao máximo com o tato, a visão, a audição”, conta a bióloga.
Além da apresentação dos arquivos em praças e até de entrevistas em rádios sobre o assunto, a pesquisa envolveu quatro escolas de Itajubá e realizou um experimento interessante. Duas turmas de Ensino Médio foram dispostas a poucos estímulos e outras duas, além das palestras, aprenderam a fazer contramoldes de pegadas, a identificar a vocalização dos animais e até passaram por simulações em campo.
Com resultados de questionários foi possível notar a diferença de sensibilização entre as classes analisadas e até as variações nas respostas antes e depois da passagem do projeto. “As pessoas começaram a fazer a interação entre a ciência e suas vidas e o que mais me surpreendeu foi notar que, ao final da pesquisa, elas percebiam que eram parte da natureza”, destaca a Mestre em Meio Ambiente e Recursos Hídricos que trabalhou com mais de 280 alunos.
Embora essa etapa dos estudos tenha sido finalizada, Talita já vislumbra conseguir registrar onças-pintadas na região e até, futuramente, monitorar toda a área com o uso de equipamentos mais sofisticados. Mas, desde já, garante algumas certezas. “Eu pretendo fazer minha tese de doutorado na Serra dos Toledos e incorporar outras Unidades de Conservação em outros biomas também”, finaliza.
Matéria completa em : https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2020/07/29/pesquisa-monitora-mamiferos-e-incentiva-a-conservacao-da-reserva-biologica-serra-dos-toledos-mg.ghtml
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